Adílio
O estilo clássico, de rara habilidade, que marcou Adílio, é lembrado até hoje em rodinhas na Gávea. O meia chegou ao clube com seis anos de idade, e ficou até os 30, sendo titular absoluto do time profissional, de 1977 a 86. É jogador de uma época em que jogava-se mais por amor do que por qualquer outro motivo e, quando os craques se identificavam com um clube, permaneciam nele por quase toda a carreira. Jogar no Flamengo foi o maior orgulho da minha vida, derrete-se. Não é para menos: Adílio foi um dos responsáveis pela maioria dos títulos mais importantes do clube, entre eles, três Brasileiros (80, 82 e 83), e a Taça Libertadores e o Mundial, em 81. -Há uma coisa muito importante: foram 24 anos de Flamengo e, só como profissional, conquistei 24 títulos- , orgulha-se.
Desde que chegou ao clube, levado pelo amigo Júlio César "Uri Geller" , outro craque rubro-negro, Adílio usou, em todas as categorias de base, a camisa 10. Quando chegou ao profissional, porém, o número já tinha dono: O Zico era o 10, então, fiquei com a 8. A minha estréia no profissional foi com a 10, pois eu substituí o Galinho (Zico), que estava machucado , recorda-se.
Do supertime do Flamengo da década de 80, do qual ainda fizeram parte Leandro, Andrade, Nunes, Tita, e outros, além da categoria, a união da equipe foi uma marca registrada. Quando se vê, hoje em dia, notícias de desunião no time e de guerra de egos entre as estrelas, a saudade daqueles tempos aperta ainda mais. Adílio
-Com a gente não havia isso. Até hoje somos amigos. Eu estou sempre com o Júnior, Zico, Rondinelli, Andrade, formamos uma família de verdade. Quando um de nós estava cansado, sem gás, os outros corriam por ele. Era união mesmo, pelo Flamengo. E olha que toda hora saíam jogadores para a seleção, como o Zico e o Júnior, principalmente, e o nível do futebol não caía, porque tínhamos muita garra -, lembra, saudoso. Idolatrado pelos rubro-negros, Adílio poderia, também, ser um ídolo para todo o país, mas nunca disputou uma Copa do Mundo. O assunto, inclusive, ainda aborrece do ex-craque: -É uma mágoa na minha vida. Fiz apenas dois jogos na seleção brasileira. Em 82, em um amistoso contra a Alemanha, eu fui muito bem na partida, dei o passe para o Júnior marcar um gol, e recebi nota 10 dos jornais, como o melhor homem em campo. Estava tudo a meu favor, muita gente acreditou que eu estava praticamente garantido na Espanha, e eu mesmo achei que estava a um passo de realizar este sonho. Mas, no momento final, não fui chamado. Tenho muitos orgulhos no futebol, só faltou a Copa -, lamenta.
Depois de sair do Flamengo, em 87, Adílio peregrinou por algumas equipes de menor expressão no Brasil, e no exterior. Mesmo assim, teve momentos de brilho:
-Quando eu jogava no Tumbiara, de Goiás, fui fazer um amistoso, no Peru, e acabei com o jogo, marcando um gol e dando o passe para outro. Quando a partida acabou, um dirigente do Alianza Lima me chamou e disse que eu não iria embora, de jeito nenhum. Eles encerraram meu contrato no Brasil e fiquei jogando por lá. Depois de passagens pelo futebol Árabe e por outras equipes brasileiras, Adílio encerou a carreira de jogador atuando pelo Barreira, do Rio de Janeiro, em 1995.
Como sempre foi um apaixonado pela bola, Adílio não conseguiu largar o futebol de vez e, há cinco anos, ele trabalha no CFZ, clube do amigo Zico. - Já fui professor da escolinha e treinador do time profissional -, diz o ex-craque, que hoje comanda a equipe de juniores do clube.
Nascido e criado na Cruzada de São Sebastião, no Leblon, Adílio, hoje aos 45 anos, mora na Ilha do Governador, bairro de classe média do Rio. O ex-craque está casado, há 14 anos, com Sônia Nicolau, com quem teve o filho Soni Adílio, de 13. Ele ainda tem mais dois filhos: Adílio Júnior, de 18 anos, e Bruna, de 19, que já lhe deu uma neta: -Sou vovô. A Gabriele está com 1 ano e 3 meses -, derrete-se.
Para os que não tiveram o prazer de ver Adílio dando shows pelos gramados, sejam rubro-negros ou não, há ainda a chance de se ter idéia do que ele era capaz. Hoje em dia, o ex-craque também faz exibições com times de masters, pelo Brasil. -Não dá para me afastar totalmente da bola -, conclui.
Clubes que treinou: Bahain (Arábia Saudita) e CFZ (RJ).
Clubes em que atuou: Flamengo, Coritiba, Barcelona (Equador), América de Três Rios (RJ), Itumbiara (GO), Alianza Lima (Peru), Friburguense (RJ) e Barreira (RJ)
Principais títulos: Tricampeão Brasileiro, em 80, 82 e 83, Taça Libertadores da América, em 81 e Mundial Interclubes, em 81, Campeonato Estadual do Rio de Janeiro: 78, 79 (Carioca), 79 (Estadual), 81 e 86.
Curiosidade: Quando era jogador do Flamengo, Adílio era chamado pelos companheiros pelo apelido de Brown. Ele explica: -Eu adorava as músicas do James Brown. Vivia cantando e dançando igual a ele, na concentração, para animar a rapaziada. Até as roupas eu usava.
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